Pesquisadoras/es
Pesquisas de doutorado
Jacqueline Cândido Guilherme
Projeto: Dos Deuses, Jaras, Animais, Plantas e Humanos – Uma etnografia multiespécie em Retomada de Terra Kaiowá no Mato Grosso do Sul.
Resumo: A tese analisa como se fazem as paisagens das Retomadas de Terra, como denominam os Kaiowá ao ato de reaver seus territórios ancestrais. Para isso, este trabalho busca apresentar algumas análises de como se dão as vivências nesse território por eles reivindicados, neste caso em particular, a reivindicação da Ka’aguy Russu (a grande mata). Requerer a Ka’aguy Russu, dentre outras coisas permitem aos Kaiowá a possibilidade de realizar a vida dentro dos moldes por eles almejados, isto é, partindo do ideal de seu Ñande Reko (Nosso modo de ser/viver) para tornar possível o Reko Porã (o modo do Bem-Viver). Tomando como foco o cotidiano da Retomada de Terra Indígena Guyra Kambi’y, a partir das experiências no campo desta pesquisa ficou evidente como outras vidas não humanas são fundamentais na vivência do território e, dentre outras coisas, participam colaborando com a construção da pessoa Kaiowá de Guyra Kambi’y e com seu modo de viver no território por eles proclamados. A tese procura, portanto, apresentar e analisar as diferentes atividades técnicas que envolvem os Kaiowá em relação com uma diversidade de outros seres, e explicitar como acontecem as vivências no território reforçando a importância que se tem essas relações multiespecíficas na elaboração da paisagem da Ka’aguy Russu. Território esse tecido com muitos e que ao retomar a terra possibilita a habitabilidade desses seres que resistem ao avanço das fazendas de monocultura, que por sua vez, reduzem drasticamente a habitabilidade desses primeiros.
João Carlos Albuquerque
Projeto: Mistura musical xinguana: o colorido do sentimento Yawalapíti.
Resumo: Esta é uma tese sobre antropologia da música indígena no Alto Xingu. Ela percebe o ritual da região como um sistema de comunicação que possibilitou a formação de uma rede de interação cultural – um sistema multiétnico e plurilíngue. A partir da etnografia da homenagem aos mortos, itsatchi em yawalapíti, e de exegeses sobre as músicas desse ritual fúnebre, além de etnografias já realizadas, pode-se perceber a comunicabilidade ritual, atuando em diversos signos e significados. O campo se concentra entre os Yawalapíti, povo de língua aruak habitante da região, mas se estende às pessoas de outras aldeias xinguanas que tenham relações com o primeiro, em busca de uma visão ampla e comparativa. O objetivo etnográfico é fornecer uma descrição dos processos sociais do itsatchi centrada em sua musicalidade e na dinâmica dos grupos e coletivos.
Kaio Domingues Hoffman
Doutorando e mestre em antropologia pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social (PPGAS) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Graduado (bacharel) em Ciências Sociais pela mesma universidade. É integrante do Núcleo de Estudos Arte, Cultura e Sociedade na América Latina e Caribe (MUSA). Tem experiência em etnologia indígena.
Milena Dugaksec Soares
Musicista e mestra em Antropologia, área de concentração Etnomusicologia, pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Realizou pesquisa sobre a música Mbya Guarani a partir de etnografia realizada entre os anos 2014 e 2016 junto aos Mbya da região metropolitana de Porto Alegre (RS). Desenvolveu projeto sobre o patrimônio cultural imaterial Guarani que resultou no jornal Mborayu. Atualmente é doutoranda em Antropologia Social pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) com pesquisa sobre canção popular. Atua também como pesquisadora do INCT – Instituto BrasilPlural – CNPq, vinculada ao projeto Antropologia, Artes e Musicalidades.
Patricia Maria Macedo Alves
Projeto: Uma etnografia das poéticas de artistas/discentes contemporâneos/as brasileiros/as negros/as e moçambicanos/as em perspectiva decolonial
Resumo: O projeto de pesquisa visa, a partir de uma perspectiva antropológica, examinar as práticas artísticas contemporâneas como formas epistemológicas de criação de mundos. Propondo a realização de estudo para comparar etnograficamente as poéticas de artistas/discentes negros/as brasileiros/as e moçambicanos/as. Por meio desse exercício de análise busca-se explorar a maneira como se materializa a condição afrodiaspórica e africanidade nos seus trabalhos. Nesse sentido, pretende-se ainda compreender de que forma as epistemologias acadêmicas, próprias do campo das Artes Visuais, afetam suas poéticas. Para tanto, serão analisados os currículos e planos de ensino dos cursos universitários em Artes Visuais oferecidos em duas instituições: Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), em Santa Catarina, Brasil, e Instituto Superior de Artes e Cultura (ISArC), em Moçambique. Esta tarefa será parte de um trabalho etnográfico mais amplo que se realizará através de entrevistas com os/as artistas/discentes dessas instituições, acompanhamento e observação dos seus processos de criação, análise e conversas sobre seus portfólios, e outras atividades que possam ajudar na interpretação de suas poéticas.
Tarsila Chiara Albino
Projeto: “Recife é brega, meu amor!”: Movimento brega e modos de subjetivação
Resumo: Esta pesquisa descreve e analisa antropologicamente os processos subjetivos e materiais que constituem o movimento brega na cidade do Recife, Pernambuco. Em Recife, verifica-se uma maior produção, gravação e distribuição da música brega em comparação a outras cidades de Pernambuco. De maneira caseira e, ao mesmo tempo, singular, esse gênero musical circula fortemente nas periferias recifenses. Essa circulação acontece através de shows, programas televisivos locais, rádios, carrocinhas, serviços de redes sociais de compartilhamento de fotos e vídeos, serviços de streaming de música, podcast e plataformas de compartilhamento de vídeos, por exemplo. Devido à forte ligação da música brega com as camadas populares, muitos artistas são moradores de bairros da periferia e, neles, os artistas alcançam seus públicos, bem como os espaços para expressar sua arte. Nesta pesquisa, o meu interesse está voltado não apenas para o brega como gênero musical, sobretudo como movimento cultural, social, político e econômico, que tem suas raízes nas periferias recifenses e faz parte da cultura das camadas populares. Trata-se de um movimento que está ligado a uma cadeia produtiva que gera ocupação e renda, formal e informalmente, para cantoras/os, DJ’s, produtoras/es, dançarinas/os, costureiras/os, estilistas, ambulantes, empresárias/os, entre outros profissionais. Os resultados iniciais assinalam que o processo recente de patrimonialização e musealização do movimento brega traz implicações para o modo como as políticas públicas culturais estão sendo formuladas e implementadas no Recife, e assinala as maneiras como o Estado se relaciona com esse processo. Ao mesmo tempo, revela os modos como o movimento brega tem lidado com esse processo, em termos de reivindicação direitos e de reconhecimento, apropriando-se e utilizando-se politicamente dele para requerer recursos públicos, ainda que estes ainda estejam devidamente garantidos. Trata-se, portanto, de um processo complexo e que expressa diferentes conflitos sociais, políticos, culturais e econômicos.
Tatiane Cerqueira
Projeto: Reencontrar-se no som: experiências da diáspora Nordestina no Sul do Brasil
Resumo: Com este projeto de pesquisa, a proposta é estudar as experiências de mulheres e homens de origem nordestina que vivem na região da Grande Florianópolis. Tem-se como objetivo conhecer a diversidade de formas de produção de corpos/sujeitos e a organização de coletivos por meio de artes performáticas que envolvem a música e a dança. Para isso, são pesquisados os espaços de entretenimento e a participação em manifestações artístico-culturais associadas à cultura afro-brasileira por parte desses migrantes. Por esse caminho, e pensando estas migrações como mais um desdobramento da diáspora afro-brasileira, busca-se compreender o papel da música, da dança e de outras artes performáticas na sociabilidade de mulheres e homens nordestinos no novo contexto de vida. Observa-se que, apesar do preconceito que sofrem neste contexto, é por meio de práticas artístico-culturais que essas pessoas podem enfrentar a lógica imposta sobre seus corpos. Portanto, essas manifestações são entendidas como formas de resistência à imposição de padrões morais, políticos e subjetivos eurocêntricos.
Pesquisas de Mestrado
Guilherme Calixto Vicente
Projeto: Entre resistências, afetos e vogue: uma etnografia sobre a Ballroom Brasil em São Paulo
Resumo: O principal objetivo dessa investigação é etnografar eventos da cena Ballroom Brasil, mais especificamente em São Paulo, observando os processos e discursos que a constituem, suas instituições, formas de organização e conflitos. Como objetivos específicos pretende-se acompanhar, ao longo de 2022: (i) os eventos promovidos pela ballroom; (ii) o cotidiano das Casas; e (iii) treinos de vogue promovidos por um grupo de transmasculines da cena. Além disso, objetiva-se identificar: (i) as diferentes categorias de dança e performance; (ii) critérios de avaliação do júri; e (iii) escolhas musicais e acontecimentos sonoros próprios dessa cena. Por último, pretende-se realizar: (i) entrevistas com diferentes personalidades da ballroom; (ii) registros audiovisuais de diferentes eventos (apresentações, treinos, oficinas, etc), e (iii) análise dos registros audiovisuais produzidos, bem como das gravações da oficina Vogue em Vix 2021. O problema de pesquisa gira em torno da compreensão de tópicos como: (i) sua organização social (parentesco e política); ii) conflito periferia-centro (dinâmicas nacionais e internacionais) e, iii) arte e performance.
Jackson Francisco da Conceição Muller
Projeto: Cenas musicais, um conceito válido? Reflexões etnográficas sobre música, articulação política e dinâmicas urbanas.
Pesquisas de Graduação
Josiane Soares da Silva
Título:
Outras pesquisas
Maria Eugenia Dominguez
Professora associada do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal de Santa Catarina (PPGAS/UFSC) e do Departamento de Antropologia do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH/UFSC). Graduada em antropologia social pela Universidade de Buenos Aires (Argentina); é mestre e doutora em antropologia social pela UFSC (2009). Realizou pós-doutorado na Universidade Autônoma de Barcelona (Espanha) como bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e no Laboratório de Imagem e Som em Antropologia (LISA) do Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade de São Paulo (USP). Pesquisadora do Núcleo de Estudos Arte, Cultura e Sociedade na América Latina e Caribe (MUSA/UFSC/CNPq). Pesquisadora do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Brasil Plural (INCT-IBP/CNPq).
Projeto:Antropologia, arte e musicalidades
Resumo: O projeto tem como objetivo geral estudar e comparar práticas artísticas, os conhecimentos a elas associados e a sua performatividade em relação a diferentes aspectos do social. Retomam-se temas, problemas a abordagens clássicos na antropologia da arte e na etnomusicologia dialogando, por sua vez, com a produção teórica mais recente nessas áreas. O projeto prevê a realização de pesquisa antropológica em diferentes âmbitos artísticos, em diversas cenas musicais, e em festas e rituais, buscando, em todos os casos, entender a arte como forma singular de agenciamento e de elaboração de relações e categorias sociais.
Bolsista: Josiane Soares da Silva
Projeto: Arte, rituais e transformações no Chaco
Resumo: O projeto estuda as artes e os rituais dos guarani, chané e isosenhos na região fronteiriça entre a Bolívia, a Argentina e o Paraguai, no oeste do Chaco. As perguntas teóricas que guiam a proposta inspiram-se na perspectiva da antropologia da arte, onde se destaca o potencial de pensar os rituais, as artes e as musicalidades na sua performatividade. A pesquisa aborda os seguintes temas: 1) As memórias dos deslocamentos dos guarani e isosenhos da Bolívia ao Paraguai com a Guerra do Chaco e das transformações regionais impulsadas por forças modernizadoras. 2) A dinâmica espacial que se estabelece entre as comunidades da área graças à celebração anual do arete guasu. 3) As transformações nos conhecimentos musicais associados ao rito. 4) As relações entre aspectos musicais e sonoros com as outras linguagens que compõem o ritual. 5) As técnicas de figuração e a confecção de máscaras. (6) Os potenciais do uso de meios audiovisuais na pesquisa etnográfica em artes.
Rafael José de Menezes Bastos
Possui bacharelado em Música pela Universidade de Brasília (1968), mestrado em Antropologia Social pela Universidade de Brasília (1976) e doutorado em Ciência Social (Antropologia Social) pela Universidade de São Paulo (1990). Professor Titular do Departamento de Antropologia da Universidade Federal de Santa Catarina, onde coordena o núcleo de estudos “Arte, Cultura e Sociedade na America Latina e Caribe” (MUSA). Foi professor e/ou pesquisador visitante de várias universidades europeias (Portugal, França) e americanas (Estados Unidos, Canadá). Publicou mais de cem artigos e capítulos de livros, dois livros autorais e uma coletânea. Atua como conselheiro editorial de várias publicações no Brasil e no estrangeiro. Tem experiência na área de Antropologia, com ênfase em Etnologia e Etnomusicologia Indígenas, atuando principalmente nos seguintes temas: música nas terras baixas da América do sul, Alto Xingu, música popular, Santa Catarina e música na América Latina e Caribe. É a favor da manutenção e valorização do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação e do retorno à normalidade democrática.
Projeto: Arte, Cultura e Sociedade na América Latina e Caribe – Projeto Integrado de Pesquisa
Descrição: O problema central do projeto é a compreensão da sociabilidade, tomadas as artes e a artisticidade como chaves privilegiadas de leitura e o ritual, a festa, o show, o espetáculo como cenários primordiais de abordagem. Ele tem três áreas de atuação: Arte, Cosmologia e Filosofia nas Terras Baixas da América do Sul, com ênfase na Amazônia; Arte e Artisticidade nas Sociedades Nacionais da América Latina e Caribe, particularmente nos países do Mercosul e do Caribe hispânico; e Arte, Rito e Sociabilidade Luso-Açorianos, com âncora nas populações açoriano-brasileiras de Santa Catarina. A primeira área insere-se no campo da etnologia indígena, a segunda no da antropologia das sociedades nacionais modernas e a última no da antropologia do mundo luso-açoriano. O objetivo principal do projeto é contribuir para o avanço da antropologia das artes, da artisticidade, do ritual, da festa e de eventos como shows e espetáculos e para o conhecimento etnográfico e comparativo sobre as regiões por ele encompassadas. Com base nos estudos anteriormente realizados sobre a música, a dança, o grafismo, o ritual, o xamanismo, a arquitetura e outros sistemas estético-artísticos, o projeto pretende consolidar uma abordagem renovada da arte no campo antropológico. Nesta abordagem, a beleza deve ser lida como prototipicidade, eficácia, formatividade ou mesmo monstruosidade. O estado atual de conhecimento do problema central do projeto é ainda precário, nos planos teórico-metodológico e etnográfico das três regiões. Tudo começa com a dubiedade do próprio conceito de “arte” no campo antropológico, muitas vezes administrado ou de maneira etnocêntrica, com base em suas formulações ocidentais mais consuetudinárias, ou simplesmente descartado como inadequado aos mundos seja dos “primitivos” seja da modernidade, tipicamente, no caso desta última, daquele da “indústria cultural”.
Situação: Em andamento; Natureza: Pesquisa. Alunos envolvidos: Graduação: (1) / Mestrado acadêmico: (4) / Doutorado: (5).
Integrantes: Rafael José de Menezes Bastos – Coordenador / Izomar Lacerda – Integrante / João Carlos Albuquerque de Almeida – Integrante / Kaio Domingues Hoffmann – Integrante.